As passagens em Mateus 5.1 – 7.29 e Lucas 6.20 – 7.1 receberam esta designação desde o início do século IV d.C., dada por Agostinho em seu comentário (De Sermone domini in monte). O discurso foi feito em alguma colina, provavelmente no planalto elevado da Galileia. Uma tradição do século XIII considera o episódio como ocorrido em um local conhecido como “chifres de Hattin”. A importância do prefácio consiste na expressão “vendo a multidão”. Percy C. Ainsworth observa: “O grande comentário sobre o Sermão do Monte é a vida – a vida como todos nós devemos viver – o pão cotidiano, a simples comunhão, a fadiga trazida pelo próximo, e as lágrimas”.
O Sermão começa com as Beatitudes (Mt 5.3-12) nas quais o Senhor Jesus mostra que conhece bem o significado da vida e como ela deve ser vivida, mostrando que a resposta para a busca universal pela felicidade só pode ser encontrada à medida que os homens se identificarem com o reino de Deus[...].
Neste sermão – que Lord Acton definiu como a verdadeira revelação de uma sociedade moralmente nova – o Senhor Jesus contrasta ideias espirituais que sustentam a conduta moral adequada, com as exigências meramente exteriores da lei. Ele ensina que a ira que traz como fruto o assassinato é errada; que a reconciliação com um irmão é mais essencial do que o desempenho de atos exteriores de adoração; que o cultivo de pensamentos lascivos tornam as pessoas tão culpadas quanto a prática do próprio adultério; que seus seguidores devem ser extremamente comprometidos com a verdade, a ponto de os juramentos tornarem-se desnecessário; que a vingança é maligna; que os inimigos, assim como os amigos e benfeitores, devem receber nosso amor; que destacar os defeitos da vida dos outros, e tentar remodelar a vida destes de forma intrometida, e tudo isto através de uma atitude de censura, são repreensíveis; que o exercício da piedade como a doação de esmolas, as orações, e o jejum devem ser destituídos de ostentação; que o cristão só pode ter um Senhor.
Muitas passagens notáveis podem ser destacadas neste sermão. Existem as parábolas que falam da luz interior (Mt 6.22,23), e das duas casas (Mt 7.24-27). A oração do Senhor, citada por Mateus, em sua primeira seção trata dos deveres para com Deus, e, na sua segunda, trata dos deveres para com o próximo. O Senhor Jesus preparou este modelo a partir de um contexto judaico, dando um exemplo de como a alma, mesmo com poucas palavras, pode falar com Deus [...].
A “regra áurea” (Mt 7.12) foi assim chamada no século XVIII por Richard Godfrey e Isaac Watts. Willian Dean Howells em seu romance Silas Lapham (1985) usou esta frase que agora nos é familiar. Este princípio de reciprocidade, que de acordo com Wesley é recomendado pela própria consciência humana, tornou-se a base do sistema ético de John Stuart Mill. Este princípio também é refletido na afirmação de Kant de que a pessoa deve agir como se sua regra de conduta estivesse destinada – pela força de sua vontade – a se tornar uma lei universal da natureza. A diferença entre a ordem categórica de Kant e a “regra áurea” de Cristo é que a ordem de Kant não tem conteúdo, enquanto Cristo resume o conteúdo da segunda tábua da lei moral de Deus. O Senhor Jesus Cristo exemplificou a “regra áurea” na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25ss.).
Fonte: CPAD
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